quarta-feira, 7 de abril de 2010

O PERFIL DO SECRETÁRIO DE MISSÕES - PARTE 1

Segundo o Dicionário Virtual Priberam da Língua Portuguesa, a palavra "secretário" origina-se do latim secretarium = segredo, "aquele que guarda segredo". Logo, a palavra é atribuída a alguém de confiança, apta a desenvolver tarefas de grande importância. Segundo o mesmo Dicionário, a palavra é ainda atribuída à  "pessoa que está ao serviço de outra ou de uma empresa ou entidade, e que tem a seu cargo a gestão..." O Secretário é aquele que está envolvido com tarefas que dizem respeito aos interesses de seus superiores. Ele trabalha com agendas, marcando-as e gerenciando-as, ele facilita as relações entre seus superiores e as pessoas com quem eles se relacionam. Às vezes o Secretário passa a ser um tipo de intermediário em algumas situações, dirimindo e solucionando os problemas. No contexto missionário, o Secretário de Missões está a serviço do Senhor Jesus e tem a seu cargo a gestão da causa missionária em sua congregação ou setor de atuação. É ele que, frente à Igreja defende a causa missionária, cria, agenda e gerencia atividades relacionadas à missões. Ele é um representante da causa.  

PERFIL DO SECRETÁRIO DE MISSÕES:
Servo: o servo, como a própria palavra já indica, é aquele que está a serviço, que presta auxílio, que está à disposição. Uma forte característica do servo, é que ele obedece incondicionalmente. Quando grandes corporações procura ou seleciona altos executivos no mercado de trabalho, elas exigem que os candidatos estejam dispostos a representar a organização em qualquer lugar do mundo, inclusive em lugares remotos,  isto é, estar a serviço a qualquer hora, em qualquer lugar, ser um servo. Servo do Senhor e da Igreja Local.

Vida de Oração: Todo aquele que está alistado na Obra do Mestre, está envolvido em grandes batalhas, principalmente as de ordem espiritual. O ministério de Jesus está repleto de episódios em que o Senhor enfrentou ataques ferrenhos de Satanás e os venceu através da oração. Ele sempre procurava um lugar isolado para orar (Mt. 14:23). Os Apóstolos aprenderam com seu Mestre a ter uma vida de oração (At. 3:1; 10:9; 16:13). A oração estreita nosso relacionamento com Deus e é através dela que recebemos sua direção para nossas vidas e nosso ministério.

terça-feira, 6 de abril de 2010

RECEBI UM CHAMADO, E AGORA?


"Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel".
Atos 9:15

A chamada de Paulo sempre foi bem definida: "...levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel." Em Atos 13:47 e 22:21, Paulo demonstra ter convicção de qual era seu chamado, ele sabia que seu destino ministerial seria os gentios, portanto, todo seu projeto missionário foi desenvolvido tendo como foco os gentios. Todavia, Paulo precisava, como a maioria das pessoas que recebem uma chamada, saber como começar, por onde começar, quais primeiros contatos deveria estabelecer para dar início ao seu projeto.
Sempre digo que o grande problema em Missões não é chamada, pois Deus, ao longo dos anos, tem chamado homens e mulheres dedicados e lhes mostrado seu plano. O grande problema dos que são vocacionados é como começar? Com quem contar? Que estratégia usar para alcançar os primeiros objetivos?O próprio Paulo deixa-nos exemplo das atitudes corretas a serem tomadas por um vocacionado em Gl. 1:13 a 19:
"Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor".

1. Logo após o chamado, esteve um tempo na Arábia. Não se sabe ao certo o que Paulo lá fazia, mas a maioria dos eruditos concordam que aquele foi um tempo de reavaliação de sua vida. Segundo ele mesmo diz, ele era "extremamente zelozo das tradições de seus pais". Ele admite neste seu breve testemunho que perseguia e assolava a Igreja de Deus. Esta postura em relação aos crentes, não era meramente ódio, era resultado daquilo que cria, um verdadeiro cumprimento do que Jesus tinha dito cerca de 30 anos antes: "Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus" (João 16:2). Paulo acreditava que sua atitude em relação aos "da seita dos nazarenos" era a vontade de Deus. Agora, Paulo é atraído pelo Jesus que ele tanto perseguiu, o viu em glória quando da sua investida aos crentes de Damasco. Em poucos minutos, jogado naquele chão empoeirado, cego, conduzido por seus auxiliares à casa de um certo Simão, Paulo passa a crer e se dispõe a servir o mesmo Jesus. Sua crença, tudo que aprendeu a longo dos anos, precisava ser reprocessado. Um tempo distante, faria bem a ele. Acredita-se que este também tenha sido um tempo de aprendizado, de estudos sobre Jesus e seus ensinos.
Portanto, se você recebeu uma chamada, tenha este tempo com Deus. Um tempo de reavaliação, quando sua vida deverá ser reorganizada. Tenho visto muitos que, depois de ter recebido uma chamada, entram afoitamente nos gabinetes pastorais, exigindo que os enviem porque recebeu uma chamada, querendo a todo custo que todos creiam em seu "sonho" ou em sua "revelação". E se não receber o apoio esperado, sai rotulando a todos de "carnais" e "sem visão", mudam de ministério e terminam se perdendo e comprometendo o chamado em sua vida.
Lembre-se que o próprio Jesus começou seu ministério com quase 30 anos, embora desde os 12 já soubesse de sua missão (Lc. 2:49).
Não comprometa sua chamada com atitudes precipitadas, seja paciente, use o tempo como aliado neste processo, vá pra sua "Arábia", espere em Deus.

2. Reconheça a autoridade espiritual estabelecida por Deus em tua vida.
Acredita-se que Pedro tenha sido um dos discípulos mais procurados por quem queria saber mais sobre Jesus. Era uma autoridade sobre Jesus e seus ensinos, não é em vão que Marcos tenha escrito o Evangelho que leva o seu nome a partir das informações deste humilde pescador e notável Apóstolo. Paulo separou 15 dias em sua agenda (Gl. 1:18) ao lado da figura emblemática de Pedro. Quanto tinha para saber, aprender e crescer!
Paulo soube procurar as pessoas certas, compartilhou seu chamado com homens genuinamente sábios e espirituais, reconheceu a autoridade deles.
Não é porque você recebeu um chamado que você passou a ser único! Respeite e honre os que antes de você foram chamados e que tem autoridade de Deus para te orientar e abençoar. Passe tempo com eles, ouça suas experiências, aprenda com suas derrotas e vitórias, faça-lhes perguntas, ponha em teu coração o que for proveitoso para teu ministério.
3. Sirva à Igreja Local : "E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo".
Neste texto Paulo é citado depois de Barnabé pelo nome de Saulo, e fazendo o serviço de um Diácono, levando víveres para os carentes da Judéia. Paulo está servindo à igreja local. E o chamado para pregar aos reis da terra? Paulo sabia que aquele honroso serviço era também uma das lições na escola do discipulado missionário. Serviço deve ser a marca dos vocacionados. Na verdade Paulo estava estabelecendo relacionamento com a Igreja. Como esta o enviaria se ele nunca tivesse criado um relacionamento profundo através do serviço e do amor cristão?
Como você quer servir no campo missionário, se nunca serviu à igreja local? Quem acreditará em alguém que nunca demonstrou amor, serviço, compromisso e envolvimento com as atividades da comunidade local?

4. Esteja preparado para as interrupções temporárias em seu chamado.
Atos 9:26 diz que a tentativa de Paulo em explicar sua conversão e chamada era sempre frustrada, a maioria não cria em sua experiência de conversão. Mesmo tendo sido intermediado por Barnabé, "homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé" (At. 11:24), a presença de Paulo trouxe tanto desconforto que ele teve que voltar para Tarso, sua terra natal, afinal estava sob ameaça de morte. Que deve ter passado na mente de Paulo naquele momento de sua vida? Já pensou nisso? De repente ter que voltar, dar um tempo, parar temporariamente?
É um mito a idéia de que, porque Deus me chamou, tudo tem que dar certinho, não vou fugir nunca, nunca darei meia volta. Pare com isso! Se até Jesus teve que voltar, sair de determinada cidade porque não criam nele!
Interromper temporariamente sua chamada pode ser um agir de Deus, afinal Ele é quem controla tudo! Não se abata diante das interrupções, elas não significam parada definitiva. Espere.

Pr. Raimundo Campos
Secretário de Comunicação da Semadesal