terça-feira, 17 de agosto de 2010

QUEBRANDO TRADIÇÕES PARA FAZER MISSÕES

"E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.

E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.
E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia.
O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração".

Atos 11: 19-23
Fenícia, Chipre e Antioquia, três regiões que se tornaram alvo do trabalho missionário de um grupo de seguidores de Cristo forasteiros de Jerusalém, vítimas de uma forte "perseguição que sucedeu por causa de Estêvão".
Os fenícios erguiam altares nas partes mais altas de suas cidades para sacrificar pequenos animais em oferenda aos deuses, devidamente relatados na Bíblia. Esses deuses representavam fenômenos da Natureza: Dagon representava os rios e anunciava as chuvas: Baal era o deus das alturas, tempestades e raios: Ayan e Anat, filhos de Baal, representavam as águas subterrâneas e a guerra, respectivamente. Os fenícios tinham deuses comuns, embora com nomes diferentes em cada local; por exemplo, na cidade de Tiro, Baal era denominado Melqart. Assim dizendo, podemos afirmar que os Fenícios eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. Existiam rituais sangrentos e cultos realizados ao ar livre. Tinha a prática de magia, e os habitantes da Fenícia acreditavam em maus-espíritos, bons-espíritos, dentre outras coisas.
Flávio Josefo descreve Antioquia como tendo sido a terceira maior cidade do império e também do mundo, com uma população estimada em mais de meio milhão de habitantes, depois de Roma e Alexandria. Cresceu a ponto de se tornar o principal centro comercial e indústrial da Síria Romana. Era considerada como a porta para o Oriente. César, Augusto e Tibério utilizavam-na como centro de operações. Era também chamada de "Antioquia, a bela", "rainha do Oriente", devido as riquezas romanas que a embelezavam, desde a estética grega até o luxo oriental.
Todavia, era também uma das mais sórdidas e depravadas cidades do mundo, como todas as grandes metrópoles da época. O culto à deusa Astarote pelas mulheres da cidade de Antioquia era tão indecente que Constantino o aboliu mediante o uso da força. A maioria da população era síria (gentios), embora houvesse numerosa colônia judaica.

Dessas três comunidades, somente a Ilha de Chipre tinha uma forte influência dos judeus, sendo portanto, a menos depravada e distante de Deus. Uma grande, bela e fértil ilha do mar Mediterrâneo - era a terra natal de Barnabé (At 4.36) - cedo recebeu o Evangelho e mandou evangelistas a diversos lugares (At 11.19, 20 e 21.16) - foi visitada por Paulo e Barnabé na sua primeira viagem missionária (At 13.4 a 13) - Barnabé a visitou de novo (At 15.39) - Paulo passou ao sul de Chipre por volta da sua terceira viagem missionária (At 21.3) - e quando ia para Roma, por ali navegou outra vez (At 27.4). A ilha de Chipre tornou-se célebre pelas suas minas de cobre, que em certa ocasião foram arrendadas a Herodes, o Grande. Um notável fato da sua história foi a terrível insurreição dos judeus, no reinado do imperador Trajano (117 d.C.), trazendo isso em resultado a mortandade dos habitantes gregos em primeiro lugar, e depois dos próprios insurgentes.
Porém, mesmo diante das alarmantes necessidades espirituais, principalmente de Fenícia e Antioquia, aqueles crentes de Atos 11:19 não anunciou "a ninguém a palavra, senão somente aos judeus". Quando lemos o início do versículo 19 deste texto imaginamos a bravura daqueles irmãos evangelizando em terras getílicas, distantes, no auge da perseguição judaica. Que sacrifício, que coragem! Todavia, a tradição judaica só permitiu que esses bravos missionários evangelizassem somente seus compatriotas, os judeus. O Antigo Testamento proibia as relações com povos de outras nações. Embora a recomendação fosse para que não praticassem suas obras, os judeus preferiram considerarem-se superiores às demais nações evitando até entrar em suas casas. Pedro, um dos maiores expoentes da Igreja Primitiva, no capítulo 10 de Atos recebe uma visão onde Deus queria mostrar-lhe a sua misericórdia para os gentios. Após relutar diante do Senhor, Pedro entra na casa de Cornélio, um gentio temente, resultando na conversão deste e dos da sua casa (At. 10:44, 45). Este fato chegou aos ouvidos da Igreja na Judéia e o irmão Pedro teve que justificar-se diante dos judeus da ala conservadora, "os judeus da circuncisão" (At. 11: 1, 2).
Imagino que agora, esses irmãos heróis do capítulo 11 versículo 19, tem em mente o seguinte: "Bom, se Pedro, uma das lideranças da Igreja, teve que justificar-se diante dos demais líderes, porque nós quebraremos a tradição, pregando e entrando em casa de gentios?". Embora saibamos que naquelas alturas era perigoso expor-se diante da perseguição levantada contra eles. Mas esta não era a razão principal, pois, "havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus" versículo 20.
Entre esses missionários haviam cíprios e cirenenses que ao chegar naquela região, sentiram-se na obrigação de anunciar a Palavra aos seus compatriotas. Aí o mandamento bíblico (At.1:8), teve que falar mais alto qua a tradição! Aquela atitude foi extraordinária! O mandamento de pregar à todas as nações agora falou mais alto que a tradição. Quantas vezes deixamos ser dominados pela tradição a ponto de não avançarmos em Missões? E aí se faz necessário observar que, quando priorizamos a Palavra, o mandamento, em detrimento da tradição, aquela tradição que só impede de avançarmos, aquela que invalida o mandamento de Deus (Mt. 15:6; Mc. 7:9), acontece coisas:
1. A mão do Senhor se estende sobre nós (v. 21a);
2. Há conversões (v. 21b);
3. Com as conversões vem a fama, isto é, espalha-se a notícia, aquele trabalho ganha repercussão;
4. A graça de Deus se faz presente (v. 23);
5. Deus levanta lideranças capazes (vs. 22 e 25).

Foi graças à coragem destes desbravadores ciprios e cirenenses que, quebrando tradições que de nada contribuíam para o avanço do evangelho, que foi formada uma das mais conceituadas Igrejas do Novo Testamento, a Igreja de Antioquia. Foi em Antioquia que os crentes foram chamados pela primeira vez de cristãos (v.26), foi de Antioquia que Paulo e Barnabé foram enviados como Missionários e revolucionaram o mundo com a mensagem do Evangelho (At. 17:6). Tudo porque alguns irmãos, cujos nomes sequer foram citados no relato bíblico, resolveram por a autoridade da Palavra acima da tradição. Arriscaram suas vidas por entender que a Palavra de Deus não deve ser submissa à tradição, mas a tradição à Palavra.
Portanto, saiamos de detrás das velhas desculpas escoradas nas velhas tradições obsoletas, perdidas pela falta de razão de praticá-las. Paulo disse que a tradição dos homens é capaz de nos fazer de presas (Cl. 2:8).
Quantas Igrejas teimam em usar métodos ultrapassados de evangelismo, métodos que não chamam mais a atenção do pecador, tudo por causa de tradições que só aprisionam e limitam a ação do Evangelho.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

QUAL A NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE DE HOJE?

Tenho costume de ouvir todos os dias uma determinada FM News. Ao levar minha filha ao Colégio de manhã cedo, lá vou eu sintonizado na tal FM e sendo bombardeado por uma série de notícias que ela julgou ser as mais importantes para seus ouvintes. É claro que todos nós sabemos que a mídia geralmente é tendenciosa. As notícias que ouvimos, na maioria das vezes, foram mais que lapidadas, em alguns casos, foram até intencionalmente revestida de uma interpretação do transmissor para atender a interesses, e nós, crédulos ouvintes, até divulgamos a tal notícia revestida com a danada da interpretação. Inconscientemente estou sendo multiplicador daquilo que eles querem que eu, e todos os ouvintes, pensem.
A final, o Brasil, comprovadamente, tem um dos piores níveis de avaliação educacional do mundo, um dos mais baixos níveis de QIs. A maioria da garotada do ensino médio e até superior tem dificuldades em interpretação de textos e, os testes nos vestibulares e nos preenchimentos de propostas de emprego comprovam que, em consequencia disto, eles não sabem interpretar as situações da vida e, sem saber, estão voltando à era das cavernas, quando tudo era resolvido na força bruta. 
Mas, para conseguir resolver na força bruta, eles precisam apresentar um estereótipo que segnifique força e imponha respeito e aí surge o culto ao corpo. Então, os valores essenciais ficam fadados a uma classe de "privilegiados" e tidos como "alienados".
Diante deste quadro dantesco, sem senso crítico, sem capacidade para interpretar a vida, vivemos do que a mídia diz que é verdade, acreditamos numa mensagem estribada em factóides.
 E sabe o que é pior? As notícias nos chegam com tanta rapidez e em quantidade tão absurda, que ficamos sem saber qual é a mais importante, qual devo dar prioridade, qual tem significado para mim, meu grupo social, que interferência ela trará, qual sua relevância.
Hoje, quinta-feira, 29 de julho de 2010, fala-se de uma tal cobrança de pênalti que não certo de um jogador do Santos, que querem transformar num herói sem ser. Todo mundo sabe que os patrocinadores do rapaz exigem que falem dele, que digam que ele é o que na verdade não é, para fazê-lo herói e daí os magnatas do futebol faturarem alto, mas gente quer acreditar e pronto. E a gente fica vários minutos ouvindo um outro cara que a mídia disse que ele entende de futebol falar, conjecturar, fazer "hermenêutica" do lance, fazer juízo da situação e tal. Mas afinal que utilidade tem essa discussão para minha vida?
Hoje fala-se também de um certo corpo que, após ser exumado, descobriu-se que não é daquela moça supostamente assassinada a mando de um tal goleiro. A polícia tem sob custódia todos os envolvidos na situação e não consegue elucidar o caso. Um adolescente faz manobras com as informações e ninguém na polícia teve senso psicológico para, ao menos, desconfiar se o garoto falava a verdade ou não.
E o caso do filho da atriz global que morreu atropelado em certo túnel? Por ser filho de quem é o caso ganhou repercussão internacional. Claro que foi a vida de um ser humano e a perca para sua família foi irreparável, imagina se fosse comigo ou você!? Bem, estaríamos sentindo a mesma dor também, mas não ganharia a tal repercussão. Porque para o mundo da mídia não temos relevância.
Na verdade quando passamos dias, semanas, meses comentando um fato como este último, estamos dizendo à sociedade que a vida neste país só é valorizada quando é a do rico, principalmente se for astro global. Eu e você sabemos que, se não naquela noite em que o jovem de futuro promissor perdeu a vida desnecessariamente, mas nesta mesma semana, várias outras também, em situações semelhantes ou diferentes, mas a mídia não acende seus holofotes para eles, pois não são parentes ou alguém famoso.
Ouvi rapidamente hoje pela tal FM que um certo número de soldados brasileiros que servem no Haiti chegaram ontem e vão ser homenageados hoje. Mas ninguém deu ênfase. Os caras vão pra um país daquele,  eu estive lá, onde a espectativa de ou um outro terremoto é uma constante e os tremores ainda continuam, as condições climáticas são horríveis, o caos é a imagem do cotidiano e ninguém comenta nada. Não sabemos nem o nome dos nossos heróis. Procurei hoje na net e não achei nenhuma menção.
Esses brasileiros que representam nossa nação em um país fatalmente atingido por uma catastrofe inédita nos últimos cem anos, trabalhando incansavelmente pela reconstrução de um povo que nem lhe dirá obrigado, não são nada, seu trabalho é ócio do ofício e acabou.
Mas afinal, qual a notícia mais importante para nós hoje? Qual notícia poderia impactar meu "modus vivendis"? Qual poderia gerar significado para minha existência?
Pensei então na notícia que mudou minha história de vida aos 13 anos de idade. Uma notícia que como disse o Apóstolo Paulo: "... não se fez em qualquer canto" (Atos 26:26), a notícia que gerou mal estar em toda comunidade de Israel e no mundo grego, a notícia que dividiu a história, que se tornou alvo de discussões teológicas e filosóficas, a notícia que atraiu miríades à sua mensagem, que deixou perplexos até os céticos, que deu esperança a ricos e pobres, que alcançou mancebos e adultos e mudou a vida de nações, povos, raças, a n otícia que tem chegado em civilizações remotas, que tem quebrado o coração de aborígenes e incomodado os poderosos, que tem calado a boca da incredulidade e da desesperança, sobre a qual tenho pautado minha vida e dela faço saber os meus filhos, meus amigos, meus vizinhos, meus parentes, os desconhecidos, você que lê este artigo.
JESUS MORREU POR VOCÊ, RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA, POR VOCÊ, ESTÁ VIVO POR VOCÊ E TE AMA. ELE PODE MUDAR SUA HISTÓRIA. ABRA AGORA O TEU CORAÇÃO E DEIXE-O ENTRAR E VERÁS QUE ESTA É A NOTÍCIA MAIS IMPORTANTE DE HOJE!
 

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O PERFIL DO SECRETÁRIO DE MISSÕES - PARTE 1

Segundo o Dicionário Virtual Priberam da Língua Portuguesa, a palavra "secretário" origina-se do latim secretarium = segredo, "aquele que guarda segredo". Logo, a palavra é atribuída a alguém de confiança, apta a desenvolver tarefas de grande importância. Segundo o mesmo Dicionário, a palavra é ainda atribuída à  "pessoa que está ao serviço de outra ou de uma empresa ou entidade, e que tem a seu cargo a gestão..." O Secretário é aquele que está envolvido com tarefas que dizem respeito aos interesses de seus superiores. Ele trabalha com agendas, marcando-as e gerenciando-as, ele facilita as relações entre seus superiores e as pessoas com quem eles se relacionam. Às vezes o Secretário passa a ser um tipo de intermediário em algumas situações, dirimindo e solucionando os problemas. No contexto missionário, o Secretário de Missões está a serviço do Senhor Jesus e tem a seu cargo a gestão da causa missionária em sua congregação ou setor de atuação. É ele que, frente à Igreja defende a causa missionária, cria, agenda e gerencia atividades relacionadas à missões. Ele é um representante da causa.  

PERFIL DO SECRETÁRIO DE MISSÕES:
Servo: o servo, como a própria palavra já indica, é aquele que está a serviço, que presta auxílio, que está à disposição. Uma forte característica do servo, é que ele obedece incondicionalmente. Quando grandes corporações procura ou seleciona altos executivos no mercado de trabalho, elas exigem que os candidatos estejam dispostos a representar a organização em qualquer lugar do mundo, inclusive em lugares remotos,  isto é, estar a serviço a qualquer hora, em qualquer lugar, ser um servo. Servo do Senhor e da Igreja Local.

Vida de Oração: Todo aquele que está alistado na Obra do Mestre, está envolvido em grandes batalhas, principalmente as de ordem espiritual. O ministério de Jesus está repleto de episódios em que o Senhor enfrentou ataques ferrenhos de Satanás e os venceu através da oração. Ele sempre procurava um lugar isolado para orar (Mt. 14:23). Os Apóstolos aprenderam com seu Mestre a ter uma vida de oração (At. 3:1; 10:9; 16:13). A oração estreita nosso relacionamento com Deus e é através dela que recebemos sua direção para nossas vidas e nosso ministério.

terça-feira, 6 de abril de 2010

RECEBI UM CHAMADO, E AGORA?


"Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel".
Atos 9:15

A chamada de Paulo sempre foi bem definida: "...levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel." Em Atos 13:47 e 22:21, Paulo demonstra ter convicção de qual era seu chamado, ele sabia que seu destino ministerial seria os gentios, portanto, todo seu projeto missionário foi desenvolvido tendo como foco os gentios. Todavia, Paulo precisava, como a maioria das pessoas que recebem uma chamada, saber como começar, por onde começar, quais primeiros contatos deveria estabelecer para dar início ao seu projeto.
Sempre digo que o grande problema em Missões não é chamada, pois Deus, ao longo dos anos, tem chamado homens e mulheres dedicados e lhes mostrado seu plano. O grande problema dos que são vocacionados é como começar? Com quem contar? Que estratégia usar para alcançar os primeiros objetivos?O próprio Paulo deixa-nos exemplo das atitudes corretas a serem tomadas por um vocacionado em Gl. 1:13 a 19:
"Porque já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias. E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor".

1. Logo após o chamado, esteve um tempo na Arábia. Não se sabe ao certo o que Paulo lá fazia, mas a maioria dos eruditos concordam que aquele foi um tempo de reavaliação de sua vida. Segundo ele mesmo diz, ele era "extremamente zelozo das tradições de seus pais". Ele admite neste seu breve testemunho que perseguia e assolava a Igreja de Deus. Esta postura em relação aos crentes, não era meramente ódio, era resultado daquilo que cria, um verdadeiro cumprimento do que Jesus tinha dito cerca de 30 anos antes: "Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus" (João 16:2). Paulo acreditava que sua atitude em relação aos "da seita dos nazarenos" era a vontade de Deus. Agora, Paulo é atraído pelo Jesus que ele tanto perseguiu, o viu em glória quando da sua investida aos crentes de Damasco. Em poucos minutos, jogado naquele chão empoeirado, cego, conduzido por seus auxiliares à casa de um certo Simão, Paulo passa a crer e se dispõe a servir o mesmo Jesus. Sua crença, tudo que aprendeu a longo dos anos, precisava ser reprocessado. Um tempo distante, faria bem a ele. Acredita-se que este também tenha sido um tempo de aprendizado, de estudos sobre Jesus e seus ensinos.
Portanto, se você recebeu uma chamada, tenha este tempo com Deus. Um tempo de reavaliação, quando sua vida deverá ser reorganizada. Tenho visto muitos que, depois de ter recebido uma chamada, entram afoitamente nos gabinetes pastorais, exigindo que os enviem porque recebeu uma chamada, querendo a todo custo que todos creiam em seu "sonho" ou em sua "revelação". E se não receber o apoio esperado, sai rotulando a todos de "carnais" e "sem visão", mudam de ministério e terminam se perdendo e comprometendo o chamado em sua vida.
Lembre-se que o próprio Jesus começou seu ministério com quase 30 anos, embora desde os 12 já soubesse de sua missão (Lc. 2:49).
Não comprometa sua chamada com atitudes precipitadas, seja paciente, use o tempo como aliado neste processo, vá pra sua "Arábia", espere em Deus.

2. Reconheça a autoridade espiritual estabelecida por Deus em tua vida.
Acredita-se que Pedro tenha sido um dos discípulos mais procurados por quem queria saber mais sobre Jesus. Era uma autoridade sobre Jesus e seus ensinos, não é em vão que Marcos tenha escrito o Evangelho que leva o seu nome a partir das informações deste humilde pescador e notável Apóstolo. Paulo separou 15 dias em sua agenda (Gl. 1:18) ao lado da figura emblemática de Pedro. Quanto tinha para saber, aprender e crescer!
Paulo soube procurar as pessoas certas, compartilhou seu chamado com homens genuinamente sábios e espirituais, reconheceu a autoridade deles.
Não é porque você recebeu um chamado que você passou a ser único! Respeite e honre os que antes de você foram chamados e que tem autoridade de Deus para te orientar e abençoar. Passe tempo com eles, ouça suas experiências, aprenda com suas derrotas e vitórias, faça-lhes perguntas, ponha em teu coração o que for proveitoso para teu ministério.
3. Sirva à Igreja Local : "E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo".
Neste texto Paulo é citado depois de Barnabé pelo nome de Saulo, e fazendo o serviço de um Diácono, levando víveres para os carentes da Judéia. Paulo está servindo à igreja local. E o chamado para pregar aos reis da terra? Paulo sabia que aquele honroso serviço era também uma das lições na escola do discipulado missionário. Serviço deve ser a marca dos vocacionados. Na verdade Paulo estava estabelecendo relacionamento com a Igreja. Como esta o enviaria se ele nunca tivesse criado um relacionamento profundo através do serviço e do amor cristão?
Como você quer servir no campo missionário, se nunca serviu à igreja local? Quem acreditará em alguém que nunca demonstrou amor, serviço, compromisso e envolvimento com as atividades da comunidade local?

4. Esteja preparado para as interrupções temporárias em seu chamado.
Atos 9:26 diz que a tentativa de Paulo em explicar sua conversão e chamada era sempre frustrada, a maioria não cria em sua experiência de conversão. Mesmo tendo sido intermediado por Barnabé, "homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé" (At. 11:24), a presença de Paulo trouxe tanto desconforto que ele teve que voltar para Tarso, sua terra natal, afinal estava sob ameaça de morte. Que deve ter passado na mente de Paulo naquele momento de sua vida? Já pensou nisso? De repente ter que voltar, dar um tempo, parar temporariamente?
É um mito a idéia de que, porque Deus me chamou, tudo tem que dar certinho, não vou fugir nunca, nunca darei meia volta. Pare com isso! Se até Jesus teve que voltar, sair de determinada cidade porque não criam nele!
Interromper temporariamente sua chamada pode ser um agir de Deus, afinal Ele é quem controla tudo! Não se abata diante das interrupções, elas não significam parada definitiva. Espere.

Pr. Raimundo Campos
Secretário de Comunicação da Semadesal